quinta-feira, 26 de junho de 2014

Publicação no XII EPEM - Artigo Científico: UNO EM LIBRAS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA DO ENSINO FUNDAMENTAL, ANOS FINAIS

NAKAMURA, D. A. e PRADO, E. P. A. Uno em Libras para Alunos com Deficiência Auditiva do Ensino Fundamental, Anos Finais. Anais do XII Encontro Paulista de Educação Matemática: XII EPEM. Birigui: SBEM/SBEM-SP, 2014, pp.1-10. (ISBN N. 978-85-98092-14-0)

Eixo Temático: (Educação Matemática para crianças cm deficiência auditiva)

UNO EM LIBRAS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA DO ENSINO FUNDAMENTAL, ANOS FINAIS

Diany A. NAKAMURA - USP – São Carlos (dianynakamura@gmail.com)
Esther Pacheco de A. PRADO – USP – São Carlos (epaprado@icmc.usp.br)


Resumo: O presente relato refere-se à elaboração de material didático lúdico construtivista de matemática em LIBRAS e do desenvolvimento de experiências metodológicas inovadoras, que buscam a superação dos problemas da aprendizagem matemática observados em alunos com deficiência auditiva, de escolas públicas no interior do Estado de São Paulo no ensino fundamental, anos finais. A partir da observação das dificuldades para desenvolver atividades matemáticas em uma sala de aula do ensino fundamental regular com alunos ouvintes e uma aluna com deficiência auditiva elaboramos a adaptação de um jogo adaptado para LIBRAS, o UNO matemático em LIBRAS adaptado do UNO Matemático. O jogo é composto por um baralho de 108 cartas, dentre elas 76 cartas numéricas (de 0 a 9) e 32 cartas de ação, que possibilitam a dinâmica no jogo, os números e as ações foram adaptadas de modo visual para Libras. O jogo tem como objetivo aprimorar o reconhecimento das quatro operações matemáticas básicas: adição, subtração, multiplicação e divisão, efetuar operações com estas. E para avaliar se essa adaptação seria adequada para alunos ouvintes e alunos com deficiência auditiva, desenvolvemos esse jogo, de modo inicial, fora da escola, com duas crianças ouvintes e uma criança deficiente auditivo. Essa experiência nos indicou que é possível desenvolver atividades matemáticas em LIBRAS, pois os dois alunos ouvintes interagiram com o aluno deficiente auditivo e este pode retomar alguns conceitos com as operações básicas matemáticas que apresentava dificuldades. Acreditamos que esse caminho pode reforçar de modo inovador a Educação Matemática, favorecendo assim a relação professor-aluno deficiente auditivo e possibilitando também um elo entre aluno ouvinte-aluno deficiente auditivo.

Palavras-chave: Educação Matemática, LIBRAS, Matemática.

Introdução
O nosso interesse pela elaboração de material específico de matemática para crianças com problemas auditivos ocorreu por dois motivos. O primeiro foi o nosso interesse pela língua brasileira de sinais, LIBRAS, que desde 2009 realizamos um estudo espontâneo e uma autoaprendizagem por meio de vídeo aulas, disponibilizados na internet através do site http://www.dicionariolibras.org.
E o segundo motivo foi em 2013, como bolsista do Projeto PIBID USP tivemos contato com uma aluna deficiente auditiva, do 7º ano do ensino fundamental em sala de aula do ensino regular, em uma escola da rede pública do estado de São Paulo. No desenvolvimento das atividades de matemática que propusemos, observamos a aluna e percebemos suas dificuldades de compreensão e comunicação, com nós pibidianos e com os colegas da classe. Começamos a traduzir em LIBRAS para essa aluna o que estava sendo desenvolvido na atividade da “Mágica dos Dados”, entretanto pudemos perceber que os demais alunos também ficaram curiosos com os gestos, até então desconhecido para toda a classe. A aluna teve boa participação nesta aula, entretanto os demais alunos dispersaram a atenção e queriam aprender somente LIBRAS, para se comunicar com ela.
Essa experiência indicou alguns questionamentos, como, ”E agora? Devemos continuar a tradução para LIBRAS com essa aluna deficiente causando um novo foco na sala de aula para os demais alunos? Ou atendemos a maioria e não traduzimos para ela?” – esta foi nossa dúvida inicial. Então a partir deste questionamento sentimos necessidade de pesquisar sobre como os surdos apreendem matemática. Como se dá a sua alfabetização em matemática? Como planejar uma aula e material didático quando há uma pessoa com deficiência auditiva na turma?
Como o Projeto PIBID/USP visa e incentiva a elaboração e desenvolvimento de atividades que proporcionem experiências metodológicas inovadoras, a superação dos problemas de aprendizagem, o desenvolvimento de produções artístico cultural e de atividades lúdicas, nosso interesse pela pesquisa nesta área foi intensificada e nos propusemos a elaborar e desenvolver atividades e materiais didáticos para crianças com deficiência auditiva.
Em Almeida et al (2011) observamos algumas das nossas preocupações quando indicam que as dificuldades dos professores no processo de inclusão de alunos com deficiência auditiva podem estar relacionadas com a falta de preparo do professor em lidar com os diferentes tipos de deficiências, pois na graduação desses professores ou não ocorreram estudos desse tema ou nos casos em que ocorreram tais estudos os “mesmos não estavam diretamente relacionados com o modo prático de como agir com alunos com deficiência”. Assim, indicam que a formação dos professores “deve ser ampla e atingir de forma teórico-prática os diferentes tipos de deficiências”. (idem)
Outro aspecto que os autores consideram é a presença do interprete de LIBRAS na sala de aula regular, indicam como “alternativa essencial para o processo de ensino”, possibilita a comunicação mais adequada para o aprendizado do aluno com deficiência auditiva, mas alertam para que “o trabalho do intérprete não pode ser encarado como panaceia, visto que sua formação não abrange o entendimento de significados específicos de conteúdos escolares” no nosso caso a matemática. Para os autores
Estudar como o intérprete de LIBRAS compreende e comunica tais significados aos alunos com deficiência auditiva pode trazer indicativos para a superação de novos problemas educacionais oriundos da comunicação entre intérprete e discente com a deficiência mencionada. Portanto é complexo o problema, tendo em vista que há diferentes graus de surdez e a necessidade de suporte de outros profissionais especializados como já citado. (Almeida et al, 2011)
Por outro lado, é necessário que as crianças com deficiência auditiva tenham incentivos para avançar no seu conhecimento matemático, pois:
Ela (matemática) desenvolve na criança o raciocínio lógico, a sua capacidade para pensar logicamente e resolver situações-problema, estimulando sua criatividade. É útil para a vida diária da criança, pois, mesmo inconscientemente, ela está em contato permanente com formas, grandezas, números, medidas, contagens etc. (DANTE, 1996, p. 18).
As preocupações de Dante (1996) com a criança ouvinte também são nossas preocupações com a criança deficiente auditiva. E, a partir da nossa observação do escasso material para o ensino de matemática para deficientes auditivos, nos propusemos a elaborar um material didático de matemática em língua de sinais, LIBRAS. Essa língua tem como característica o fato se diferenciar em cada região, seja no Brasil ou no mundo, ao contrário do Braille, para deficientes visuais, que é universal.

Experiência Desenvolvida
Como bolsista do PIBID USP, ICMC São Carlos, tivemos interesse em desenvolver sequências didáticas com atividades em LIBRAS. E no nosso meio social nos relacionamos com uma criança com deficiência auditiva, entramos em contato com a mãe que nos autorizou a desenvolver uma atividade de matemática para auxiliá-la no seu aprendizado de matemática. Basicamente a criança se comunica emitindo alguns sons não compreensíveis, aponta para aquilo que quer, sorri quando está feliz e tem conhecimento básico de LIBRAS.
De modo informal, foi possível reunirmos três crianças para desenvolver a atividade elaborada, o UNO matemático em LIBRAS. A criança com deficiência auditiva, será denominada por Criança 1. A Criança 2 é um colega de classe que estava com a Criança 1 para brincar, e a Criança 3, é o irmão dois anos mais novo que a da Criança 1. As Crianças 2 e 3 não possuíam conhecimento em LIBRAS. Todos estudam no ensino regular, em uma escola pública do interior paulista. A atividade, em particular com a Criança 1 levou aproximadamente quatro horas.
Este trabalho teve como objetivo retomar as quatro operações matemáticas básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão) com uma criança com deficiência auditiva, que está cursando o 7º ano do ensino regular em uma escola pública no interior paulista.
Utilizamos um baralho de UNO, que adaptamos para LIBRAS e para o ensino de matemática. No jogo original:
O baralho é composto por cartas de quatro cores: verde, amarelo, vermelho e azul. As fileiras de cada cor variam entre 0 e 9. Existem três ações especiais para cada tipo de cor de carta, identificadas como "pular", "comprar duas" e "inverter". Há também cartas de ações especiais com fundo preto, "coringa" e "coringa comprar quatro". Para cada carta regular ou de ação, existem duas das mesmas no baralho, com exceção do 0, que só possui uma unidade. (...) Para diferenciar o 6 do 9, é utilizado um sublinhado embaixo da carta respectiva.
Para começar o jogo, são distribuídas sete cartas a cada jogador, e a carta que ficou em cima do baralho é virada para cima, sendo que esta é a primeira. (...) O jogo começa com a pessoa posicionada ao sentido horário de quem distribuiu as cartas.
Em cada oportunidade, o jogador pode jogar uma carta de sua mão que seja igual a cor ou o número da última carta apresentada, ou então jogar um coringa ou carta de ação. Se a pessoa não possuir carta para jogar na ocasião, deve comprar uma carta no monte inicial e, caso ainda continue sem a carta que precisa, perde seu turno, repetindo o processo até sair uma carta jogável. (...) As cartas podem ser jogadas na seqüência (crescente ou decrescente) dos números, caso possuam a mesma cor.
Se as cartas que eram utilizadas para comprar esgotarem, as jogadas na mesa são embaralhadas novamente e colocadas como pilha. Quando um jogador estiver com apenas uma carta na mão, deve falar UNO! em voz que todos os outros jogadores ouçam. Caso isso não ocorra, qualquer outro jogador pode obrigá-lo a comprar duas cartas. O jogo termina quando um jogador está sem nenhuma carta na mão. Pode se vencer com qualquer carta, inclusive o coringa.” (Tradução livre de UNO instruction sheet, 1983, International Games Ltd.)
No lugar das cores das cartas do UNO original, optamos por colocar todas as cartas com fundo branco e as operações matemáticas coloridas: adição/ vermelho, subtração/verde, multiplicação/amarelo e divisão/ azul. Os números foram reduzidos de tamanho em relação à imagem original, e no centro das cartas colocamos o respectivo sinal em LIBRAS.
As ações proporcionadas pelo baralho UNO original também foram adaptadas para LIBRAS. Nesta adaptação, a criança jogadora deverá jogar uma carta de operação matemática ou número igual ao número já descartado na mesa, neste caso independendo do sinal. As cartas de ação permanecem como as originais do jogo. As cartas do jogo adaptado estão descritos na tabela 1:
 Tabela 1 – Modelo das Cartas de UNO adaptadas em LIBRAS – Fonte própria

Desenvolvimento da Atividade
A atividade se desenvolveu de modo informal, na residência da Criança 1, que estava acompanhada das Crianças 2 e 3. No início da atividade explicamos as regras em LIBRAS para Criança 1, e oralmente para as Crianças 2 e 3. As crianças 2 e 3 já conheciam o jogo UNO, a Criança 1 já viu seus colegas jogando mas disse, em LIBRAS,  nunca ter brincado. Como, por exemplo, quando o jogador estivesse somente com uma carta mão, deveria sinaliza-la em LIBRAS, caso contrário deveria sofrer a penalidade conforme a regra original.
Ao mesmo tempo mostramos as cartas adaptadas do baralho de UNO e como funcionavam as ações, números e operações em matemática. As Crianças 2 e 3, foram orientadas a trabalhar em LIBRAS, assim como a Criança 1 fazia, durante todas as rodadas. Ocorreram ao todo quatro rodadas, três delas com as três crianças e uma das autoras deste relato, e a última somente com a Criança 1. A primeira rodada teve duração aproximada de 45 minutos, a segunda rodada e terceira rodada não ultrapassaram os 30 minutos, e a última rodada, com duração de aproximadamente 20 minutos.
A primeira rodada foi mais longa, pois cada ação de cada jogador foi explicada várias vezes, as Crianças 2 e 3 eram muito ativas e queriam falar alto para que a Criança 1 pudesse compreender, entretanto fui fazendo as orientações em LIBRAS para que ela entendesse a função de cada carta e também a diferença das operações matemáticas.
Conforme se davam as rodadas, percebemos as dificuldades que a Criança 1 manifestava desde seu primeiro contato com a matemática, as quatro operações aritméticas básicas. Em algumas rodadas a Criança 1 confundiu o sinal na soma com o da multiplicação, e vice-versa, a partir disso pudemos perceber a dificuldade da mesma para reconhecer e diferenciar os significados de adição e multiplicação, pois para ela – Criança 1 - , ambos sinais possuíam o mesmo significado. Ao invés de jogar uma carta com sinal de multiplicação, a Criança 1 jogava uma carta com sinal de adição. Nesses momentos foram necessárias nossas interferências: Pesquisadora: - “Não é só porque estão em cores diferentes que são sinais diferentes. Cada sinal representa uma operação diferente na Matemática, então cada operação (adição, subtração, multiplicação ou divisão) também é diferente”.
Na última rodada, solicitamos às Crianças 2 e 3 que fosse jogada uma partida apenas  com a Criança 1, assim poderíamos observar e delinear algumas de suas dúvidas referentes às operações básicas matemáticas.
Com as cartas confeccionadas e adaptadas, propusemos alguns exercícios envolvendo as quatro operações, uma operação de cada vez, como: somar dois números, subtrair dois números, em seguida multiplicar e também dividir dois números.
Os números utilizados na subtração e na divisão foram escolhidos com cuidado, para que não resultassem em número negativo ou número não inteiro, deste modo, os mesmos poderiam ser ilustrados com as cartas do Uno matemático. Foi possível observar que a Criança 1, confundia a soma com a multiplicação, pois a professora em sua escola ensinou multiplicação como sendo a seqüência de somas de um número e ele não entendeu que a soma de parcelas iguais pode ser expressa pela multiplicação.
Com as cartas do UNO adaptado foi possível trabalhar a soma de dois números e também a multiplicação de dois números, compreendidos de 0 a 9. Sempre utilizando o recurso visual, elaboramos algumas perguntas em LIBRAS:
Pesquisadora: Qual número que multiplicado por 2 é igual a 4?
Criança 1: - “2”.
Pesquisadora: Qual número que multiplicado por 2 é igual a 6?
Criança 1: - “3”.
Pesquisadora: Qual número que multiplicado por 2 é 12?
Criança 1: - “6”.
E assim trabalhamos toda a tabuada de 0 à 9. Após os exercícios de multiplicação, elaboramos algumas atividades envolvendo a divisão e o conceito de divisibilidade de um número por 2 e 3.
Pesquisadora: Qual o menor número que divide 6?
Criança 1: “3”.
Pesquisadora: Qual o menor número que divide 9?
Criança 1: - “3”.
Pesquisadora: Qual o menor número que divide 12?
Criança 1: - “3”.
Pesquisadora: Então o 6, 9 e 12 são divisíveis por 3.
Pesquisadora: O número 12 é divisível por qual número?
Criança 1: - “6”.
Pesquisadora: Tem mais números, dentre as cartas do baralho, que o número 12 divide?
Criança 1: - “3”.
Pesquisadora: Qual mais?
Criança 1: - “...”
Pesquisadora: O resultado 12 aparece em alguma outra tabuada?
Criança: - “2”.
Pesquisadora: Então, dentre as cartas daqui do baralho, quais dividem o número 12?
Criança 1: “6, 3 e 2”.

Todo trabalho foi desenvolvido em LIBRAS, papel e lápis foram utilizados pela Criança 1 para construção da tabela da tabuada.
Feita a construção da tabuada a Criança 1, pode, visualmente, perceber a diferença no resultado de uma adição e o de uma multiplicação. Ao fim desta atividade, jogamos o UNO em LIBRAS novamente com a Criança 1,  e observamos que ela apresentou significativa melhora, pois agora já não confundia mais os sinais de adição e multiplicação. Conforme as cartas apareciam nas rodadas, fazíamos perguntas em LIBRAS, como:
O número anterior mais este número agora, dá qual número?
E se multiplicarmos, que número dará?
A Criança 1, também fazia perguntas em LIBRAS, como uma chamada oral. Por fim, o baralho ficou com a Criança 1, que após nossa atuação retornou a brincadeira com as outras crianças.
Com esta atividade foi possível perceber a importância do material manipulável associado a uma atividade didática para desenvolver conceitos matemáticos básicos para crianças com problemas auditivos. Observamos que as dificuldades desta criança no 7º ano do ensino fundamental se acumularam desde os anos iniciais da educação básica, comprometendo seu futuro aprendizado em matemática, talvez impossibilitando seu desenvolvimento nos conceitos matemáticos dos anos finais do ensino fundamental.
A atividade do UNO matemático em LIBRAS nos indicou um caminho para elaborar atividades matemáticas em LIBRAS e nos relacionarmos com alunos com deficiência auditiva. E possibilitou à criança deficiente auditiva aprender matemática e também se relacionar com crianças ouvintes tanto em situações matemáticas como em situações sociais.

Referências

ALMEIDA, Thiago José Batista de, CAMARGO, Eder Pires de E MELLO, Denise Fernandes (2011) Dificuldades relatadas por professores no processo de inclusão de alunos com deficiência auditiva. Disponível em http://www2.fc.unesp.br/encine/documentos/AP/2011/2011-1.php Acessado em 07/03/2014.

BRASIL, MEC/Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática / Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de Dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 246, 23 Dez. 2005. Seção 1, p.28

DANTE, Luiz Roberto. Didática da resolução de problemas de matemática. Série educação. 12ª ed. São Paulo: Ática, 2003.


UNO instruction sheet, 1983, International Games Ltd.

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